domingo, janeiro 16

Dezembro 2003

Terça-feira, Dezembro 30, 2003

N CONFISSÕES (1)

Confesso: não sou grande admirador do cantor Sérgio Godinho. É difícil apreciar um cantor cuja voz não é aceite pelos nossos tímpanos. Mas reconheço, o defeito é meu. Todavia, admiro a sua poesia e a sua biografia.Há, no entanto, uma música que, quando cantada com os Clã, me transporta para o céu da polifonia, ela chama-se “Dancemos no Mundo”, do álbum ‘Lupa’, de 2000.

Aqui fica um cheirinho:

«Acenda-se a tualuz na minha rua

Pisemos a pista é bom que se insista

dancemos no mundo

Eu só queria dançar contigo sem corpo visível

dançar como amigo

se fosse possível

dois pares de sapatos

levantando o pó dançar como amigo só»

Que bela deixa para se convidar uma amada para dançar! Fiat lux…

- posted by Nuno Cunha Rolo @ 12/30/2003 05:32:20 PM




Blitz...Krieg!

Não! Não se assustem, este relâmpago traz notícias boas e pacíficas.Hoje é um dia feliz na vida dos melómanos. O Blitz está prestes a fazer 20 anos e, em estilo de ante-estreia do vigésimo aniversário, está nas bancas uma edição especial: a n.º 1000 (!). Apesar de constipado (ou engripado, sei lá!), logo pela manhã comprei o jornal, ajudado por um post it colado à carteira, para que a memória e os demais afazeres dos meus neurónios não me pregassem uma partida. E que grande partida seria não comprar o Blitz hoje! Assim que comecei a folhear o jornal recuei 19 anos (que tentação cair no cliché de dizer que estou velho!), e todo o ambiente me envolvia, pois tomava o pequeno-almoço de sempre, no café de sempre com decoração de princípio de anos oitenta renovada. Princípios de anos oitenta, lembram-se? Fiz quase um esforço sobre-humano, mas lembro-me vagamente: não havia internet (surgiu em 1990), vídeo games, playstations, nintendos, tv cabo, telemóveis, Compact-Disc (comercializados em 1982, mas apenas no Japão), DVD, som surround, etc…um tempo em que a música era uma companhia quase impositiva e sem alternativa, um tempo em que quem tinha um walkman (leitor de cassetes portátil) era rei e tinha tudo! Recordo-me de uma história, que será caricata somente para os menores, talvez, de 27/28 anos: andava no liceu, estávamos em 1984, e quase sempre com uns walkman (da Sony, pois não havia outra marca!) colados à cintura, através de uma prega do próprio walkman que se encaixava no cinto das calças. Um dia, no caminho do liceu para casa, entro no autocarro de sempre, com os phones nos ouvidos e a ouvir a ‘minha’ música, e sento-me ao lado de um casal que desde a primeira hora me fixam no seu olhar. Entre si, desatam a conversar e a chamar-me os maiores impropérios (esta palavra descobri-a depois, claro!), dos quais destaco: «punk!», «juventude desalmada!», «vais ficar surdo!», «inútil!», entre outros que tenho o prazer de não me lembrar. Eles pensavam que não os estava a ouvir, mas estava. E fingi que não os ouvia, até porque aquilo era mais um diálogo conjugal, que propriamente uma afronta pessoal. Tenho a esperança de ter servido como terapia do casal, que parecia precisar. Este era, portanto, o tempo em que havia tempo. Pelo menos, para mim. E hoje o Blitz fez-me recuar a esse tempo. E recordo-me quando este épico do jornalismo musical apareceu: uma imagem e textos fortes, negras, provocadores e comprado por uns ‘metálicas’ ou ‘góticos’ ou ‘vanguardistas’, altamente censuráveis ao olhar social. Ao ler o jornal deparei-me com nomes de autores que não pude evitar o soltar do habitual «eihhh!»..como Frankie Goes to Hollywood, David Byrne, Prefab Sprout, Style Council, Dexy’s Midnight Runners, The Go-Betweens, Aztec Camera, entre outros, goste deles ou não. Outro motivo para exercitar a nostalgia destes tempos é o livro «Escrítica Pop», do MEC, sigla inesquecível e bem influente para a Geração de 70…Apetece-me transcrever esta parte do livro mencionado:«Como as borboletas, a música Pop tem uma vida de três dias. Assim, os lepidopterologistas Pop só têm de escolher entre duas práticas. Uns, para preservar e analisar a borboleta, montam-na num expositor. Outros, deslumbrados com as cores e com o voo, limitam-se a segui-la com o olhar. Aqueles, porém, têm de matá-la primeiro. Os outros apenas têm de deixá-la morrer depois. Mas não valerá mais vivo durante três dias que morto toda a vida?» (Ed. Assírio Alvim, 2003, pp. 9). E nós que temos uma vida inteira para as apreciar…Recordar é mesmo viver! E que boa é a vida quando se recorda!

Blitz era isto, um modo de vida…

- posted by Nuno Cunha Rolo @ 12/30/2003 02:01:21 PM


Wozzeck

“Wozzeck” é uma ‘ópera-prima’ de Alban Berg (Viena, 1885-1935), que revolucionou a Ópera do século XX e se baseia no escrito póstumo de Georg Büchner (1913-37), escritor alemão, intitulado “Woyzeck”. Não é nenhuma gralha, esta diferença vocabular tem uma história: o manuscrito de Büchner quando descoberto, 37 anos depois da sua morte, quase que não se conseguia ler, um texto quase ilegível marcado pelo tempo que o estava a consumir. Foi descoberto pelo romancista Karl Emil Franzos que o transcreveu. um pouco à sua maneira, e donde resultou o título Wozzeck, porquanto Franzos era incapaz de distinguir o Y do Z na letra de Büchner. Büchner era um humanista e escreveu apenas uma obra em prosa “Lenz” que, como todos os seus raros escritos, pois morreu aos 23 anos, continha uma mensagem social: todo o ser humano faz a diferença e, por isso, ninguém deve ser considerado insignificante, com prejuízo de se não compreender nunca a humanidade. “Woyzeck” é baseado num personagem real, Johann Christian Woyzeck, um soldado que sofria de alucinações paranóicas chegando a matar a própria noiva em 1821. Todo esse estado clínico foi registado no diário de seu pai, um médico pessoal do grão-duque de Hesse-Darmstadt. Para além da proeza de ter sido a sua primeira ópera, Berg demorou cinco anos a criá-la, que é o mesmo que dizer a compô-la e a orquestrá-la, iniciada em pleno período da primeira guerra mundial, 1917, data em que cumpria o serviço militar obrigatório, que durou três anos (1915-18), como simples recruta. Não obstante Berg ter decidido passar “Woyzeck” a música ainda antes de cumprir o serviço militar, foi a sua experiência traumática de soldado que contribuiu decisivamente para levar a obra a seu fim. «Passei estes anos da guerra a depender de pessoas que odeio, preso, doente, amarrado, resignado e, de facto, humilhado (…) sob as ordens de um chefe horrendo (um bêbado imbecil!). Todos estes anos de sofrimento como soldado raso, humilhado (…) eram tão horríveis que hoje, quando literalmente gelo, sem nada com que viver, sou feliz em comparação com aqueles dias»Wozzeck é, assim, um drama psicológico sobre a humilhação de um soldado que, simultaneamente, cai nas malhas sociais de uma sociedade hierarquizada, egoísta e desvirtuosa e o leva à loucura e à prática de um crime passional – o assassínio da sua amada Marie, a sua única felicidade e ligação ao mundo. Wozzeck é um incompreendido, não consegue comunicar com o mundo que o rodeia e toda esta incompreensão e solidão leva-o ao mais alto estado de alienação do indivíduo. Porque não consigo fazer melhor, cito aqui Wade Mathews, cuja análise do mundo de Wozzeck é bem esclarecedora: «Na primeira cena tenta explicar ao capitão o que é ser «gente pobre»Nós, os pobres! Veja, capitão, dinheiro, dinheiro!Mas aquele que não tem dinheiroque tente trazer filhos ao mundode forma moral!Também somos de carne e osso! Se eu fosse um senhore tivesse um chapéu e um relógioe um monóculoe soubesse falar com elegância, então também seria virtuoso. Deve ser uma boa coisa ser-se virtuoso,meu capitão!Mas eu sou um pobre diabo!As pessoas como eu são sempre infelizes,neste mundo e no outro. Creio que se fossemos para o céu,teríamos de ajudar a fazer trovões! Como resposta recebe invariavelmente a advertência:«Pensas demais e isso não é saudável…» Na segunda cena, expressa os seus medos a Andres, que lhe chama louco. Na terceira cena, Marie discute com Margret. Depois. Wozzeck e Marie encontram-se no mesmo quarto, mas a sua conversa é tudo menos um diálogo. Na quarta cena, o médico repreende Wozzeck por tossir na rua. Este tenta explicar a «natureza» ao médico, que lhe responde elogiando a ciência sob a forma de oxialdeidonaídricos; nem é preciso dizer que ninguém percebe coisa alguma…O outro elemento motor no mundo de Wozzeck é a opressão e o seu fiel companheiro, o abuso de poder. Esta opressão, frequentemente expressa em termos impessoais – a pobreza, a sociedade de classes, etc. – torna-se muito mais incómoda e directa nesta ópera, onde a sua expressão é tudo menos impessoal. Ao projectar-se em pequena escala, a da quotidianidade do protagonista, as forças opressoras encarnam em personagens (o capitão, o médico, o tambor-mor), tornando-se maiores. O capitão paga uma miséria a Wozzeck para que o barbeie, mas não hesita en dizer-lhe por que parte da rua tem de andar, e a que velocidade. O médico paga-lhe igualmente pouco para que coma feijões e evite a tosse, e manda-o caçar lagartos, prometendo-lhe um irrisório aumento, sem porém fixar data para isso. O tambor-mor deita-se com a mulher de Wozzeck, e aproveita de seguida para o atacar enquanto dorme no quartel. A opressão é constante; a crueldade, lei da vida…Alienação e opressão, e um final digno de uma tragédia grega, tudo isto envolto numa música absolutamente fascinante» (in “Wozzeck”, Edilibro, S.L., Polymedia Germany, 1999, pp 10-11).Para completar a compreensão sobre “Wozzeck” julgo que é importante adicionar aqui algumas notas pessoais:- vejo na morte de Marie uma espécie de ‘salvamento’ da honra de Wozzeck, que acaba por ser como que o único valor que perpassa em toda a obra. É extraordinário como um assassínio acaba por ser o acto mais honroso e digno de se viver (note-se que, neste campo, devemos situar estes ‘valores’ à época).Wozzeck preteriu o amor em favor da sua honra. E, paradoxalmente, Wozzeck acaba por ser a única personagem ‘digna’ em toda esta tragédia individual e social, pois, por uma sociedade assim não vale a pena viver, quanto muito lutar, contra ela.- extraio ainda, desta história, uma segunda interpretação pessoal: esta obra é sobre a condição humana e, nessa medida, faz-nos pensar sobre o sentido da vida do ser humano numa sociedade. Reflexão essa que tem um aparente paradoxo no seu interior: se vivemos tão pouco tempo, justificar-se-à uma preocupação individual pelo colectivo? Ou seja, quando o ser humano, por ‘natureza’ único e individual, se ‘abstrai’ da sociedade, perderá a sua humanidade? Sinceramente, não sei a resposta… mas, como costumo dizer aos meus alunos, perguntar é meio caminho andado para sabermos a resposta. Uma resposta que podemos nunca atingir, mas também que pode ter várias encruzilhadas para lá chegarmos. Talvez este Wozzeck, de quem todos temos um pouco, seja um bom pretexto para nos tornarmos mais humanos; e um bom princípio para lutarmos por uma sociedade mais justa e solidária. Uma ópera, portanto, obrigatória para todos os governantes.

posted by Nuno Cunha Rolo @ 12/30/2003 02:34:23 AM



Sábado, Dezembro 27, 2003


Arte Popular...

Nós levantámo-nos lentamente, 1964, We Rose Up Slowly, dois painéis 173x234 cm, Museu de Arte Moderna de Frankfurt, Alemanha.

Roy Lichtenstein (1923-1997, Nova Iorque) é um dos meus pintores preferidos e esta tela enche-me os sentidos. Talvez porque encontro nela quase todos os prazeres da vida: paixão, poesia, felicidade, amor, água, beleza, cor, êxtase, desejo, carinho, esperança, fôlego, cor, liberdade. Também nela podemos encontrar algumas das características da sua pintura: a cor, os pontos de Benday, os contornos a preto das formas, figuras humanas em estilo banda desenhada, as frases nas telas, a predominância do amarelo e do azul.Vejo a paixão nos seus corpos nus, o amor nos seus olhos fechados, a liberdade na sensação do vento atravessando os seus cabelos, a beleza nos rostos simétricos e proporcionais, a esperança no espaço entre as duas bocas, a felicidade num mundo aquático, todo ele azul. É uma imagem cheia de força e de grandeza, comprovadas pela dimensão das faces no espaço da tela. É também uma imagem cheia de sintonia e de reciprocidade, tendo ambos o mesmo relevo e a mesma medida, sendo ambos um reflexo um do outro, como de um todo perfeito se tratasse, como que dizendo que todo o amor é real e que só através dele podemos viver sem respirar. Respiração essa, aliás, que está sempre ausente num beijo de amor! Em 1997, foram estas as últimas palavras de Lichtenstein, na sua última entrevista, que concedeu a David Sylvester: «I'm trying to do something like that, putting colour with subject matter. If you did it without the subject matter you wouldn't know this was being done, so the subject matter helps because there's a reference to reality. Some kind of reality, anyway ».

Acredito nessa realidade...slowly. Estou a escrever este post ao som do álbum "The Space Between Us", de Craig Armstrong, e, sem querer, dei conta de como este título poderia bem ser o nome desta tela!

posted by Nuno Cunha Rolo @ 12/27/2003 11:47:43 PM


PALETA DE PALAVRAS (2)

«A obra de arte faz parte do real»,

Sophia de Mello Breyner, Revista Ler, n.º 59, p. 64.

- posted by Nuno Cunha Rolo @ 12/27/2003 11:21:48 PM


Arena...

Arena é a minha revista masculina preferida. É pena que não seja portuguesa, mas sempre me obriga a testar o inglês. Arena é feita no Reino Unido, foi já voted the UK's best designed magazine, e intitula-se ambiciosamente The smartest men's style magazine in the world. Este mês traz na capa Keanu Reeves que, provavelmente, é o actor famoso mais discreto de Hollywood. Desde o Point Break (Ruptura Explosiva) que ficou ligado à minha cinemateca, assim como em The Matrix. Reparem só, se é que já não sabiam, nas features deste Neo-Rapaz de 39 anos:- nasceu no Líbano, em Beirute- é filho de mãe meio chinesa, meio havaiana e de pai inglês- Keanu (Key-ah-nu) significa "suave brisa sobre as montanhas" em Havaianês (escrevi bem?!) - tem nacionalidade canadiana- integra uma banda Dogstar que toca música folk punk - Notícia do Sapo: Keanu Reeves está a planear dar cerca de 70 milhões de euros de lucros das duas sequelas de Matrix. O actor vai dar a maior parte dos seus ganhos aos designers de guarda roupa e efeitos especiais que trabalharam no filme. O seu contrato atribui-lhe 15% dos lucros de bilheteira de "The Matrix Reloaded" e de "The matrix Revolutions", que deverão ter lucros de cerca de 625 milhões de euros em todo o mundo, o que dará a Reeves cerca de 93 milhões. "Dinheiro é a última coisa em que penso" afirmou o actor. "Poderia viver com o que já fiz nos próximos séculos."- Durante 11 anos viveu num hotel (viveu no Hotel Chateau Marmont, em Beverly Hills)- Comprou a primeira casa aos 39 anos (?!)- Não era fotografado para uma revista inglesa há 13 anos!......quebrou a cronologia com a Arena, precisamente neste número de Dezembro.Para além da entrevista ao Keanu Reeves, podem ver ainda:- um artigo sobre o serviço nacional de saúde britânico,- Paul Daly, o designer dos bares londrinos mais famosos,- como e onde 'puxar' música digital da internet,- a entrevista à actriz Emily Mortimer (Bright Young Things e Young Adam),- um guia completo de todas as viagens do Indiana Jones pelo mundo,- as Happy Hours do Olympia Moments, um bar strip, onde se pode saber a diferença entre uma tabledance e uma lapdance,- a linda "erotic performer" Dita Von Teese,- a entrevista ao actor John Leguizamo (Spawn, Moulin Rouge, Romeo and Juliet, Spun, Carlito's Way),- acessórios, moda, compras, livros, carros, entre outras coisas, para além da bonita e bem feita publicidade, criteriosamente seleccionada. E claro, as Arena's Woman, que não são menos que 'gajas boas', em bom português! Afinal, a revista é para homens!

- posted by Nuno Cunha Rolo @ 12/27/2003 01:31:34 AM


Os meus novos DVD

"Bichunmoo, O Guerreiro", de Kim Young-jun, um filme da cinematografia coreana (de que sou fã) cujo enredo se desenvolve em torno das Artes Marciais de Bichum. Para quem, como eu, não perdia um único episódio da saudosa série "Os Jovens de Shaolin" é a não perder!- "O Tigre e o Dragão", de Ang Lee, outro filme de artes marciais, com uma história de amor lindíssima.- "Existenz", de David Cronenberg, porque um dos filmes da minha vida é o "Crash", por isso nunca perderei nenhum filme deste realizador canadiano, que já vai no seu 18.º filme com o mais recente "Spider". Chamam-lhe o realizador da metamorfose humana...parece que o último filme, mais uma vez, o comprova.- "Yi-Yi", de Edward Yang, ainda não o vi.- "Abre los Ojos", de Alejandro Amenabar, outro dos filmes que mais me marcou e que tive a oportunidade de comprar a edição espanhola. Um filme que nos faz pensar sobre o papel e o valor, na nossa vida, do eu e do alter ego, dos amigos, da família, ou falta dela, e das amigas coloridas!- "O Quarto do Filho", de Nanni Moretti,...palavras para quê deste realizador-argumentista fantástico que tão bem descreve as psicoses humanas e sociais.- "Thicker than Water", de Moonshine Conspiracy, de que faz parte Jack Johnson, o surfista-compositor-cantor. Este DVD tive que encomendar dos EUA, pois ainda não está à venda em Portugal. Um filme de surf sobre surf voyages. Como eles próprios dizem: «Thicker than Water is a collection of images and memories that started with the first time we stood on the deck of a surfboard and ends with an eighteen-month journey through the North Atlantic, South Pacific and the Bay of Bengal»...coming soon!

posted by Nuno Cunha Rolo @ 12/27/2003 12:22:51 AM




Sexta-feira, Dezembro 26, 2003


Os meus novos CD

Recentemente comprei a seguinte música:- "Silver or Lead", de Ursula Rucker- "Moto.tronic", de Ryuchi Sakamoto- "100th Window", de Massive Attack- "Good Bye, Lenin!", de Yann Tiersen- "10", de K's Choice- "Day I Forgot", de Peter Yorn- "The September Sessions", Banda Sonora do filme de Jack Johnson- "On and on", de Jack Johnson- "Palco", de Pedro Abrunhosa e Bandemónio- "Hit", de Peter GabrielE estou a ouvir os meus 'eternos' Sigur Rós e o seu álbum "Ágaetis Byrjun"...como é possível existir música assim?!...

posted by Nuno Cunha Rolo @ 12/26/2003 11:28:01 PM


Terça-feira, Dezembro 23, 2003


Prémio Pessoa 2003

O Professor José Joaquim Gomes Canotilho foi meu professor de CIência Política e Direito Constitucional. E lembro-me muito bem das aulas dele: sobrelotadas e sobredotadas! Recordo-me também da sua forma simpática, serena e simples de leccionar, em aulas onde a atenção e a audição valiam ouro. Mais tarde, como seu assistente, descobri, um pouco, o homem: reservado mas acessível, humilde mas firme, frontal e alguém que, à sua maneira, luta por uma sociedade melhor. Conversa-se com ele como se conversa com um grande amigo, ad libitum , portanto.Depois, conheci também o orientador de tese, comprovando a sua atenta compreensão do orientado, a sua disponibilidade e os seus saberes jurídicos.A admiração pelo Professor Gomes Canotilho é universal e pacífica na comunidade jurídica nacional e internacional, pois congrega aquilo que um ser humano tem de melhor a dar ao seu mundo, nomeadamente: conhecimento, simplicidade, competência e integridade. Para mim, é e será sempre uma referência. Uma referência académica e humana.Parabéns, Senhor Professor!

NCR

posted by Nuno Cunha Rolo @ 12/23/2003 08:24:34 PM


N DIAGONAIS (2)

Como rider de ondas que sou, ainda que não tanto quanto gostaria, não posso deixar de recomendar o Ondas, pois é dos meus blogs de eleição. É aconselhável, mesmo para não surfistas. Em tempos, pensei fazer um sobre o mesmo tema, mas quem melhor que os 'ondasbloggers' para essa tão fácil e tão difícil empreitada: descrever, em consciência, o sentido e o prazer de surfar a vida de uma onda. E já agora, um abraço ao Pedro Adão e Silva, compagnon de route de outros tempos. Bem hajam...

posted by Nuno Cunha Rolo @ 12/22/2003 01:07:37 AM


PALETA DE PALAVRAS (1)

«Y se un hombre es ser algo concreto, unitario y sustantivo es ser cosa, res. Y ya sabemos lo que otro hombre, el hombre Benito Spinoza, aquel judío portugués que nació y vivió en Holandda a mediados del siglo XVII, escribió de toda cosa. La proposición 6.ª de la parte III de su Ética dice: unaquaeque res, quatenus in se est, in suo esse perseverante conatur ; es decir, cada cosa, en cuanto es en sí, se esfuerza por perseverar en su ser. Cada cosa es cuanto es en sí, es decir, en cuanto sustancia, ya que, según él, sustancia es id quod in se est et per se concipitur ; lo que es por sí se concibe. Y en la siguinte proposición, la 7.ª, de la misma parte añade: conatus, quo unaquaeque res in suo esse perseverare conatur, nihil est praeter ipsius rei actualem essentiam ;esto es, el esfuerzo con que cada cosa trata de perseverar en su ser no es sino la esencia, lector, la mía, la del hombre Spinoza, la del hombre Butler, la del hombre Kant y la de cada hombre que sea hombre, no es sino el conato, el esfuerzo que pone en seguir siendo hombre, en no morir»,

Miguel de Unamuno, Del Sentimento Trágico de la Vida, Editorial Optima, 1998, pp. 51-52.-

posted by Nuno Cunha Rolo @ 12/22/2003 12:16:56 AM



Domingo, Dezembro 21, 2003


N DIAGONAIS (1)

Um estudo feito pela Universidade da Califórnia mostra que apenas 7% do impacto provocado no público vem da parte verbal da apresentação. Os maiores impactos vêem da voz: 38% e da linguagem corporal: 55%.Em cada hora de discurso, ´somente 50% serão realmente ouvidos = 30 minutos.Destes, só 50% as pessoas vão entender = 15 minutos. Destes, as pessoas só vão acreditar em 50% = 7m30s. E destes, só 50% serão lembrados = 3m75s. Conclusão: a imagem da apresentação (e do apresentador) e a síntese do discurso são as grandes virtudes das apresentações orais! E agora, como vou explicar isto aos meus alunos e, simultaneamente, convencê-los a aturarem-me durante hora e meia?!

posted by Nuno Cunha Rolo @ 12/21/2003 11:53:11 PM


O meu primeiro post neste blog

AD LIBITUM significa À Vontade, como expressão de liberdade, e, como já notaram, é um weblog. Um weblog é sobretudo um (novo) meio de instrumento de comunicação, no âmbito de um grande outro instrumento de comunicação que é a internet. Por isso, «blogar» é essencialmente comunicar. Comunicar pela via electrónica, num mundo digital, onde se encontram novos públicos (utilizadores/bloggers), uma nova linguagem (multimedia), uma nova gramática (hipertexto) e uma concepção moderna de relacionamento com a 'máquina' e o 'ser humano' (interactividade). Algumas destas ideias podem encontrar no artigo de José Luís Orihuela: Blogging and the eCommunication Paradigms: 10 principles of the new media scenario. Um artigo que considero fundamental para a compreensão deste fenómeno que já tem território nomeado: a blogoesfera.Este blog pretende, acima de tudo, comunicar. Por isso, cada post é como um fim em si mesmo: mais importante que saber se se alguém nos lê, é simplesmente escrever; mais importante do que ser criticado por aquilo que escrevemos, é expressarmo-nos no nosso 'post'. Importante, assim, é escrever aquilo que se vive, para aprendermos e conhecermos melhor a nossa vivência... Já Wittgenstein dizia que «quando não se tem nada para dizer deve-se fica calado»!Para o mal ou para o bem, pensamos que temos algo a dizer sim: precisamente a nossa vivência, o nosso gosto, a nossa opinião...numa palavra, a nossa convivência. Com os outros e com nós próprios...Sobretudo, com nós próprios! Aqui todos os temas serão permitidos, pois cada blogger do Ad Libitum, como todo e qualquer blogger, é o mais recente warrior poet da actual Idade histórica. Até à próxima...

posted by Nuno Cunha Rolo @ 12/21/2003 09:50:16 PM